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Cem anos de fervura

Pense no tipo de música popular mais rápida e virtuosa que você conhece, tocada por vários músicos simultaneamente. Bebop? Tá morno. Choro? Esquentou. Frevo? Ferveu!

Comemorando 100 anos em 2007, o frevo nasceu rolando pelas ladeiras de Recife e Olinda, e virou patrimônio nacional. Não há carnaval de salão no Brasil que não abra (ou encerre) a folia com o clássico “Vassourinhas”, que nasceu como “Hino no. 1” do clube carnavalesco dos varredores públicos, e virou símbolo da folia pernambucana.

Mas o frevo, no resto do país, não é tão conhecido. Os nomes de Capiba e Nelson Ferreira, mestres fundamentais, entraram no circuito do rádio pela voz de grandes intérpretes mais por terem criado sucessos em outros gêneros, nos tempos em que as rádios cariocas comandavam as paradas de sucesso. Outros fundadores do frevo, como os irmãos Raul e Edgard Moraes, Levino Ferreira, Lourival Oliveira, os irmãos Valença ou contemporâneos como Getulio Cavalcanti, Maestro Duda, Clovis Pereira, J. Michiles ou Zé Menezes são familiares aos pernambucanos, mas pouco reconhecidos no resto do país. Mesmo o maior intérprete do frevo-canção, Claudionor Germano, é ídolo regional, pouco divulgado abaixo do paralelo 9.

O grande maestro e compositor Guerra Peixe decretou: “O frevo é a mais importante expressão musical popular, por um simples fato: é a única música popular que não admite o compositor de orelha”. De fato, a complexidade instrumental requerida não permite que um simples assobiador de melodias componha frevos. Do mesmo modo, um simples bailarino do Bolshoi não consegue efetuar todo o arsenal de acrobacias que um dançarino de frevo executa, sobre paralelepípedos em declive, sob um sol de rachar coquinho, depois de três dias de folia escaldante, durante o Carnaval.

Dizem que o frevo adaptou movimentos da capoeira na sua coreografia. A relação de amor e ciúme entre Bahia e Pernambuco tem mais um capítulo musical: A apropriação do frevo feita pelos pioneiros dos trios elétricos, Dodô e Osmar, no Carnaval baiano de 1950, foi consagradora. O “frevo elétrico” conquistou as multidões, e influenciou compositores como Caetano Veloso, que compôs vários frevos de sucesso, sem a preocupação orquestral dos criadores pernambucanos. Posteriormente, autores como Alceu Valença, Zé Ramalho e Geraldo Azevedo criaram frevos de grande repercussão em todo o Brasil.

Nos anos 80, o compositor Carlos Fernando idealizou um projeto de modernização do frevo, o Asas da América. Convocou artistas de renome nacional e colocou na praça uma série de discos com frevos de forte pegada popular, com arranjos do maestro Juarez Araújo, dividindo os fãs do gênero. Os mais conservadores torceram o nariz, os cultores da MPB adoraram.

Frevo de rua, frevo de bloco, frevo-canção, frevo elétrico... são vários os estilos. Mas onde ouvir o bom frevo hoje, sem ser nas ladeiras de Olinda ou nos salões de Recife, durante o Carnaval?

Como 2007 é ano de homenagens, algum pão quente ainda deve sair do forno das gravadoras. A Biscoito Fino lançou um CD duplo com vários intérpretes, onde os clássicos estão de roupa nova, pronto para serem degustados. Maria Bethânia, Alceu Valença, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Lenine, Gil, Maria Rita e a Spok Frevo Orquestra desfiam uma série de sucessos de todos os tempos.

Spok Frevo Orquestra? Não se espante com o estranho nome vulcaniano. Trata-se da mais eletrizante novidade do frevo nos últimos anos. Reunindo um time de craques e criando arranjos fenomenais, o grupo de 18 músicos liderados pelo saxofonista Spok é simplesmente incendiário. Criada em 2001, apadrinhada por Antonio Nóbrega, a orquestra possui um currículo invejável de apresentações internacionais, e derrete tanto o público amante da metaleira jazzística das big bands (com direito a solos e improvisos) quanto o do mais puro frevo “de raiz”. O CD “Passo de Anjo”, gravado em 2004, é um dos grandes discos instrumentais da década. Pra ser ouvido a todo volume, de preferência pulando, em boa companhia. Experimente, mas cuidado: O risco de entrar em combustão espontânea é grande!

BRINDE!

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.fonte: Revista Brasileira de Música


Um comentário:

Confissões de Lolita disse...

Realmente esse é um dos blogs mais interessantes que eu tenho lido ultimamente.

Parabéns bettaaaaaaaaaaaaaaaaaa meu amor!!!!!!!!

Sou sua fã!

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